Confira o vídeo do Prof. Raymundo Paraná, hepatologista e professor da Universidade Federal da Bahia.
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O Café é uma bebida milenar que, provavelmente, teve o seu consumo iniciado na Etiópia entre pastores que observaram um comportamento mais ativo das cabras que ingeriam as pequenas frutas que caiam dos arbustos. Disseminou-se rapidamente pelo Oriente Médio e acabou chegando a Europa onde se difundiu para o mundo.
Já o chá verde foi inicialmente consumido na Ásia e Oriente Médio e disseminou-se pela Região do Magreb (África Mediterrânea), onde é fartamente consumido pela população adulta.
Dentre todos os princípios ativos do café, a cafeína se destaca. Trata-se de uma hipoxantina que tem efeitos vasodilatadores, cronotrópicos e que tem sido associado com melhor desempenho cognitivo.
Recentemente, a cafeína passou a ser recomendada para o tratamento adjuvante em doenças do fígado pelo seu efeito no bloqueio da Adenosina o que, indiretamente, reduziria a fibrogênese. Paralelamente, a cafeína também melhora a fadiga e a recepção de insulina, reduzindo assim a resistência insulínica experimentada por alguns pacientes om doença hepática.
Os efeitos benéficos do consumo do café foram documentados na hepatite C e, mais recentemente, em pacientes diabéticos. Há estudos que avaliam o consumo do café como benéfico na redução da mortalidade por doenças cardiovasculares.
Obviamente que, por ser um agente cronotrópico, em pacientes que apresentem arritmias a sua utilização deve ser bem orientada. Pacientes que possuem intolerância alimentar também podem restringir o consumo desta bebida.
Já o Chá Verde, habitualmente, é preparado diluindo-se um pequeno galho com o talo e folhas em agia a 70oC na Asia, no Oriente Médio e na África Mediterrânea. Dentre de todos os seus princípios ativos temos a Catequina que é um Polifenol com supostos efeitos antioxidante in vitro, mas que carecem de comprovação in vivo, sobretudo como terapêutica adjuvante no tratamento de determinadas doenças, principalmente as doenças hepáticas.
A catequina em altas concentrações pode ser toxica para o fígado e induzir lesão hepática grave, como já foi fartamente documentado na literatura científica. Em 2003, os primeiros alertas científicos já ecoavam, chamando a atenção para casos de toxicidade pelo Chá Verde (Camellia sinensis) o que está hoje bem documentado também no Site do National Institute of Health (www.Livertox.nih.com) dos Estados Unidos.
Em grande quantidade, a catequina lesa a célula hepática (hepatócito), causa apoptose e pode induzir, inclusive, Hepatite Fulminante. Geralmente, as mulheres que consomem Chá Verde concentrado por mais de 12 semanas são as que estão mais propensas a desenvolver essa lesão.
Por outro lado, no Brasil, criou-se a ideia de utilizar altas doses de Chá Verde em composições formuladas como cápsulas, chás emagrecedores e beberagens. É aí que está o principal problema, pois a concentração da catequina nessas formulações pode ser mais de 1000 vezes superior àquela que é observada no chá preparado artesanalmente. Assim, o risco de toxicidade aumenta exponencialmente.
Aliado a isso, não temos qualquer informação acerca da associação dessas formulações com medicamentos alopáticos, o que pode sugerir também um aumento potencial de hepatotoxicidade em ambos como, por exemplo, ocorre com o consumo da Erva Cavalinha.
Assim sendo, não podemos demonizar o Chá Verde desde que ele seja utilizado como chá. O que não se pode é inventar essas beberagens e essas cápsulas com o fito de redução de peso ou com a falsa rotulação de termogênico. Isto não é honesto.
Já o consumo do café deve ser incentivado para pacientes com doenças do fígado pelas suas propriedades, contudo sob orientação médica pelos efeitos cronotrópicos supracitados.
Dr. Raymundo Paraná, médico hepatologista e professor da Universidade Federal da Bahia.
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